ANÁLISE FUNCIONAL DO COMPORTAMENTO
Maria Inês Santana de Oliveira
Psicóloga, psicopedagoga e Psicomotricista
A Análise Funcional é uma técnica cuja origem encontra-se no psicologia comportamental, utilizada para identificar e compreender a função dos comportamentos. Segundo Skinner (2003), a análise funcional é a identificação das variáveis externas dependentes e independentes que influenciam o comportamento e, assim, possibilita prever e controlá-lo.
A partir da análise funcional, é possível encontrar as relações entre o indivíduo e o ambiente, o que possibilita a experimentação de mudanças nessa relações. Analisar funcionalmente um comportamento significa descrever o comportamento dentro de circunstâncias nas quais o indivíduo responde de uma determinada maneira e verificar quais as consequências que mantêm essa resposta, a chamada tríplice contingência.
Tríplice contingência é a representação gráfica sobre como determinados comportamentos estão relacionados. É a fórmula usada pela Análise do comportamento para estudar e entender como estes comportamentos se relacionam com os estímulos que os antecedem e com os estímulos que a eles se seguem (SOUZA, 2011)
A | B | C |
ANTECEDENTES | COMPORTAMENTO | CONSEQUÊNCIAS |
Tudo o que está em volta do sujeito ou dentro dele e que antecede a resposta. Chamado de ambiente, situação, contexto, estímulo antecedente, estímulo discriminativo | O comportamento (ou resposta), seja ele explícito ou implícito (aberto ou encoberto/privado ou público) | Aquilo que vem depois do comportamento e que altera o padrão de sua apresentação l Algo é acrescentado ou retirado? l Aumenta ou diminui a frequência do comportamento? |
Para realizar uma análise funcional, é necessário conhecer alguns conceitos de fatores relevantes envolvidos na ocorrência do comportamento-alvo, aquele que se quer analisar e/ou modificar.
ü Situação antecedente - o que ocorre antes de o comportamento surgir que pode provocá-lo/eliciá-lo (imediatamente antes)
ü Estímulo discriminativo - é a ocasião em que uma determinada resposta, e não outra, é contingentemente seguida de um evento reforçador
ü Consequências reforçadoras - aumentam a probabilidade de ocorrência do comportamento (ocorrem imediatamente após)
ü Reforço positivo - aumenta a ocorrência do comportamento por adição de um estímulo
ü Reforço negativo - aumenta a ocorrência do comportamento por apresentação de um estímulo por remoção de estímulo
ü Consequências de Extinção - reduzem a probabilidade de ocorrência do comportamento (ocorrem imediatamente após)
ü Punição positiva - reduz a probabilidade de ocorrência do comportamento por adição de um estímulo
ü Punição negativa - reduzem a probabilidade de ocorrência do comportamento por remoção de um estímulo
Exemplos de análise funcional de comportamentos / tríplice contingência:
ANTECEDENTE | RESPOSTA/COMPORTAMENTO | CONSEQUENTE |
(A) Presença da mãe Bebê no berço | Bebê chorando | Mãe pega o bebê no colo (R+) |
(B) Presença da mãe Bebê no berço | Bebê chorando | Mãe mantém o bebê no berço e sai do quarto (P-) |
(C) Tarefa de casa difícil Criança estudando | Quebrar o lápis Gritar Choramingar | Mãe a auxilia ou faz a tarefa por ela (R+) |
(D) É preterido na escolha dos membros do time de futebol na aula de Educação Física | Reclamar Choramingar Empurrar colega Isolar-se | Colegas riem dele (P+) |
(E) Presença de professora e colegas Aluno em sala de aula | Aluno faz bagunça | Professora adverte o aluno (P+) Não é permitido ao aluno ir brincar no pátio (P-) |
(F) Na prova de Matemática | Beto passa cola para Lucas | Beto não é agredido por Lucas (R-) |
(G) Presença de uma pessoa indesejável | Maria grita com a pessoa indesejável | A pessoa indesejável vai embora (R-) |
(H) Presença do chefe de setor João no ambiente de trabalho em que é proibido usar o celular | João usa o celular | O chefe adverte João (P+) |
(I) Presença da esposa puxando conversa Marido em home office | Marido grita com a esposa | Esposa sai (P-) |
Observação Importante:
Um mesmo evento tanto pode ser reforçador quanto redutor da probabilidade de ocorrência do comportamento. Isso depende do efeito que se pretende estabelecer ou que acidentalmente se produz.
Observe que, no exemplo (G), a consequência de sair do ambiente após ter recebido grito é reforçador para o comportamento de gritar, enquanto que no exemplo (I), esta mesma consequência pode ser redutora do comportamento de gritar, se este tende a diminuir por ser a consequência aversiva para o sujeito.
REFERÊNCIAS
SKINNER, B., F. Ciência e Comportamento Humano. 11 ed. São Paulo: Martins Editora, 2003.
SOUZA, Marcelo. A contingência. Disponível em https://comportese.com/2011/06/a-contingencia#